terça-feira, 24 de abril de 2007

A revolução dos cravos




25 de abril de 1974
________________
________________


Odessa

Anna Akhmatova

Anna Akhmatova
- Anna Andreievna Gorenko - (Russia, 1889-1966)



Não, não estava sob um céu estrangeiro,
nem me protegiam asas estranhas.
Estava com o meu povo, no lugar
em que infelizmente meu povo estava.
1961

Requiem (1935-1940)


'Não há maior poetisa russa. Akhmatova traduziu o sofrimento em métrica poética, chamou as coisas pelo nome, amou e foi amada, não fugiu à desgraça e agora é a Anna de todas as Rússias.
Nasceu no mesmo ano em que nasceram Chaplin, a Sonata de Kreutzer de Tolstoi, a Torre Eiffel e TS Elliot. Saiba que estamos a falar de 1889. Foi nos arredores do porto de Odessa, mais precisamente a 24 de Junho.

(...)

Escreveu mais de 800 poemas. Para além do primeiro, aos 11 anos "A Voz", de "Requiem", "Coragem", "Voo Branco" e "A Corrida do Tempo" é preciso saber que Anna demorou mais de 20 anos a escrever "Poema sem Herói" onde faz referência ao filósofo inglês nascido na Rússia, Isaiah Berlin que a visitou em São Petersburgo em 1945. O encontro com esse "viajante do futuro", de passagem pela Rússia, custou a Anna a prisão do filho e a sua queda em desgraça durante o regime de Estaline. Só se voltaram a encontrar em Oxford, em 1965 onde Berlin era professor.

Falar da Anna de todas as Rússias é falar da tragédia "humAnna", dos tempos de Estaline e de como foi possível, a alguém, fazer disso poesia. Também escreveu prosa autobiográfica e sobre Pushkin. Foi amiga de Boris Pasternak, Mandelstam, Block e conheceu Tsvetaeva.

Saiba que Anna era uma mulher bonita, elegante, aliás escanzelada porque passou muita fome, uma mulher que suscitou paixões, que foi desenhada por Modigliani, fotografada por Nappelbaum, esculpida por Danko e pintada por Tyrsa e Vodkin. Em velha, e mais gordinha, manteve o ar distante e triste com que passou a vida a ver a família e amigos desaparecerem de forma mais ou menos violenta, enquanto fazia fila para racionamentos e se recusava a fugir ao destino dos seus compatriotas.

É preciso dar graças a Nina e Filipe Guerra sem os quais não poderíamos hoje saber de Akhmatova em português.(...)'

© Publico (de 2004/08/30, já não está online, via)

24 de abril




SEGREDO

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

Miguel Torga, Diário VIII



Albert Cossery


Albert CosseryAlbert Cossery, nasceu no Cairo em 1913, no seio duma familia original, de tradição cristã copta. O pai, proprietário de terras, nunca fez nada para acumular riqueza, promovendo entre filhos a rejeição do trabalho (Mandriões no Vale Fértil é em parte um romance autobiográfico). A mãe, analfabeta, levava-o ao cinema, no tempo dos filmes mudos, para ele lhe ler as legendas. E os irmãos mais velhos, grandes leitores de Nietzsche, Dostoievski ou Baudelaire, transmitiram-lhe a paixão pela literatura universal - decidindo o pequeno Albert, por volta dos dez anos, que seria escritor.

Na infância e na adolescência Cossery frequentou as escolas francesas do Cairo, contribuindo isso, sem dúvida, para ele adoptar o francês quando começa a escrever, por volta dos dezoito anos. As suas primeiras novelas, marcadas pela revolta, saíram em revistas do Cairo. Coligidas em 1940, deram nesse primeiro ano ano o seu primeiro livro (Os Homens Esquecidos por Deus), editado no Cairo em três línguas: árabe, inglês e francês. Foi esta obra que o tornou internacionalmente conhecido; o título foi retomado na Argélia pelo francês Edmond Charlot, em cuja editora Albert Camus era director litérário, e nos Estados Unidos por Henry Miller; este último escreverá um empolgante ensaio sobre Cossery onde expõe (foi ele um dos primeiros) a famosa preguiça cosseriana como uma concepção filosófica.

Mas o nosso autor, que já estabelecera no Egipto uma sólida amizade com Lawrence Durrell, vai trocar as voltas a este auspicioso começo duma carreira literária, decidindo, para viajar, empregar-se como criado de bordo na marinha mercante, na linha Porto Saíd - Nova Iorque (o único emprego que teve). E após algumas estadas em Inglaterra, instala-se em Paris, em 1945, num quarto de hotel que nunca mais deixou.

A ida para Paris destinava-se a prosseguir ali os seus estudos escolares, mas Cossery, esquecendo tais coisas para sempre, dedicou-se logo a actividades muito mais interessantes: as noitadas, as desbundas amorosas, a boémia. O seu principal companheiro nesses vastos empreendimentos foi Albert Camus, mas no mesmo contexto também foi grande amigo de Jean Genet, Roger Nimier, Alberto Giacometti e outros pilares da noite.

Cossery considera-se um escritor egípcio de língua francesa, tal como há, diz ele, muitos escritores indianos de língua inglesa. Em 1990, aos setenta e sete anos, foi-lhe atribuído pela Academia Francesa, pelo conjunto da suas obra, o Grande Prémio da Francofonia - apesar de em quase sessenta anos de «carreira» literária apenas ter escrito oito livros: sete romances e a citada colectânea de novelas. Porque, fiel à sua filosofia da indolência e do desprendimento, a rejeição do trabalho foi sempre para ele a grande luz.

Júlio Henriques


domingo, 22 de abril de 2007

Época de banhos



Chegou, para ficar, a época dos banhos!

Só estivemos no areal, vimos o Guadiana e também questionámos o nome da isla,

Canela

porque a areia é quase da cor da canela...

Depois, encontrámos uma vieira...

( e descobrimos tudo isto porque os supermercados estavam fechados)

quinta-feira, 5 de abril de 2007

6 de abril




No teu céu de estrelas,
brilharás hoje com mais intensidade,
parabéns, meu amor


Páscoa

|
\/
\\o//
\\\///
\\o\\//o//
\\\\\/////
\\\o\\/o///
\\\\////
\\o\/o//
\\//
\/
| Páscoa Feliz
ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo