sexta-feira, 16 de novembro de 2007

João Lúcio

( Chalé João Lúcio, Olhão)


Natureza imortal, tu que soubeste dar

Ao meu país do sul a larga fantasia,

Que ensinaste aqui as almas a sonhar

Nessa frescura sã da crença e da alegria:

Que inundaste de azul e mergulhaste em oiro

Esta suave terra heróica dos amores,

Que lançaste sobre ela o canto imorredoiro

Que vibra a sinfonia oriental das cores:

Tu que mostraste aqui mais do que em toda a parte

O intenso poder do teu génio fecundo,

Que fizeste este Céu para inspirar a Arte

E lhe deste por isso o melhor sol do mundo:

Ensina algum pintor a fixar nas telas

Este brilho, esta cor, inéditos, diversos,

E põe a mesma luz que chove das estrelas

Na pena que debuxa estes humildes versos.



quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Vida e sonho

"A vida é tecida como o linho: um fio de dor, um fio de ternura. Eu intrometo-lhe sempre um fio de sonho. Foi o que me perdeu.

Só dei por ela depois de morta. As horas mais belas perdi-as a sonhar, quando a vida estava a meu lado. Eu não vivi! Eu não vivi!"

Raúl Brandão, Húmus

Sonho

"E o pior é que este sonho é afinal o meu sonho e o teu sonho. Ninguém o confessa senão a si próprio. O nosso sonho é não morrer. Quando a gente se esquece um bocado a vida já tem passado. E quando a vida já tem passado é que nos agarramos com mais saudades à vida."

Raúl Brandão, Húmus